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Arquitetos: Philippe Samyn and Partners
- Área: 11348 m²
- Ano: 2018
Descrição enviada pela equipe de projeto. A verticalização é um dos fundamentos básicos das cidades futuras, considerando a importância em preservar os territórios naturais e de agricultura existentes hoje em dia. Apesar da verticalidade ser um caminho comum nesses últimos anos, a habitabilidade em edifícios verticais continua a ser uma questão a ser desenvolvida pelos moradores e membros das comunidades. Por décadas, Philippe Samyn, desenvolveu propostas considerando essa questão, como é possível ver em "The Vertical City", texto publicado pela Royal Academy of Belgium em Setembro de 2014.
O projeto da K-Tower é parte integrante desta perspectiva. A torre oferece apartamentos de qualidade, ao invés de propor vilas de casas dispostas nas periferias do terreno, que não somente ocupam muita área, mas também consomem mais material para suprir as necessidades das redes de infraestrutura como esgoto e energia. O terreno na Sint-Amandscollege está localizado na periferia de Kortrijk, próximo ao Rio Leie. Os edifícios da universidade variam em sua aparência, destacando suas diferentes épocas de construção.
O "Collegetoren" foi construído em 1960 e foi pensado como um internato: acomodações e salas educacionais. A medida que o lugar não funciona mais como um internato, o Conselho de Desenvolvimento Urbano de Kortrijk lançou um concurso em 2005 para a reabilitação dos edifícios da universidade. A partir de uma análise das arquiteturas existentes, concluíram que a torre deveria ser demolida, mantendo somente seu embasamento.
A nova torre, portanto, está situada no leste do embasamento existente, próximo ao Albert Park. Essa localização reforça a imagem do edifício, destacando a base, e o conjunto do edifício de forma lógica. Próximo ao RIo Leie, a nova torre é a conexão entre a cidade adensada e o vasto entorno verde, oferecendo vistas excepcionais para a paisagem.
O projeto parte de uma planta retangular de proporção 1 para 2. A torre é esbelta para limitar sua sombra, e tem sua forma acentuada pela luminosidade que vem a partir do exterior branco. O padrão visto na fachada surge em referência ao livro "Uma Linguagem de Padrões, de Christopher Alexander, considerado por Françoise Choay como o único trabalho teórico de arquitetura depois de Vitruvius. A fachada tem seu padrão inspirado na proporção do número plástico de Hans Dom Van der Laan, uma das bases teóricas que fundamenta também as reflexões de Philippe Samyn.
Philippe Samyn também considerava a importância dos cinco sentidos humanos, e respeitava especificamente a luz natural. O projeto presta uma atenção especial às características visuais, acústicas, olfatórias e táteis. Um dos aspectos mais importantes é o significado do uso de espelhos e vidro, somados a cores fortes na fachada, o que aumenta o brilho do edifício.
O interior do edifício se organiza em 65 apartamentos flexíveis, que são dispostos envolta de core central que contém circulação e salas de manutenção. A partir da organização da planta é possível ter dois, três ou quatro apartamentos por pavimento, considerando sua tipologia de loft com pé direito duplo na sala de estar. Orientado para leste oeste, a torre oferece perspectivas quase tangíveis do Rio Leie, e ao mesmo tempo, sua fachada sul olha para o centro histórico da cidade.
A planta permite pelo menos duas orientações para cada unidade, bem como uma variação de tipos de terraços. O pé direito duplo permite a entrada de luz natural e ventilação dentro dos apartamentos. Os elementos perfurados das fachadas, se sobrepondo aos terraços, garantem privacidade aos apartamentos. As aberturas criam, em cada terraço, e em cada apartamento, molduras para as vistas da paisagem.
Assim como um teclado de piano, qualquer construção é caracterizada por sete ordens de magnitude que marcam o campo visual. A leitura e interpretação dessas ordens é essencial para atingir a harmonia visual. A arquitetura deve garantir sua materialidade.
As fachadas da torre são subdivididas, impondo uma série de elementos que materializam um tipo de acabamento que considera o conforto interno, e a troca com o exterior a partir da luz e da ventilação natural. Enquanto, por um lado, encontra-se na fachada superfícies envidraçadas espelhadas, também se encontra um tipo de decopagem derivada dos elementos perfurados que fecham os terraços. Há uma graduação desde a ampla escala urbana e da paisagem, até a maçaneta da mesa. Essa relação de fachada, e dos detalhes, é sempre diferente, a depender da hora do dia, e do mês do ano.